viagem a lisboa

Gente, esse paradeiro danado por aqui tem motivo, desde maio que vim fazer parte do meu doutorado em Portugal e fico até agosto. Como não estou realizando trabalhinhos manuais caseiros, meio que fiquei sem assunto pro blog, então vou aproveitar pra contar sobre minha viagem.

Eu vim pra estudar mas também dei umas voltinhas. É engraçado como a relação tempo/espaço muda entre as pessoas, a gente pensa que europeu viaja muito porque para eles tudo é pertinho. Isso não é verdade. Eles nem viajam tanto assim e, simplesmente, não acham perto, a noção de "perto" é outra. Duas horas de viagem é uma eternidade pra quem mora num país do tamanho de pernambuco. 

Conheci Paris e Madrid que são cidades lindas e glamorosas, mas tudo é em escala macro e isso me faz sentir pequena. 

Lisboa foi por "quem" eu realmente me apaixonei, talvez porque seja aqui que estou morando e quando a gente mora se relaciona de uma maneira mais intensa com o lugar. Já uma amiga que veio me visitar achou Lisboa a cara de Salvador, o chão, a arquitetura, o clima... "parece que estamos na av.sete!", disse ela. E eu nem tinha notado toda essa familiaridade. A constatação dela me fez pensar se era por isso que estaria gostando tanto daqui, já que amo viver na Bahia.

Acho que pode ser isso também, mas principalmente porque a cidade tem sido muito generosa comigo e eu com ela no sentido de permitir as descobertas e viver com graça e gratidão o que ela tem oferecido. Porque escolher entre aproveitar agora e aproveitar depois não existe, a verdadeira escolha é entre aproveitar e não aproveitar. E nem precisa explicar porque não se pode apostar no "depois", não é? 

Lisboa não tem Champs Elysee, nem Prado, nem Louvre, e talvez por isso mesmo seja um tesouro ainda tão precioso. Ladeiras infinitas, praças cheias de crianças, cachorros e velhinhos, roupas secando nos varais de quase todas as janelas e os eléctricos - que é como eles chamam os bondinhos - ainda com aquele corpinho de início do século xx, impõem o ritmo da cidade: vá com calma. 

 

E nesse ritmo é que tenho caminhado, caminhado, aprendido tricot e bordado... amanhã eu conto!